16 de março de 2007

Preservação da Biodiversidade



A biodiversidade do Planeta Terra esta debilitada. De acordo com o atual ‘guru’ do ambientalismo, Al Gore, no seu aclamado livro Uma Verdade Inconveniente, “muitas espécies do mundo todo estão ameaçadas pela mudança climática, e algumas estão se extinguindo – em parte por causa da crise climática, em parte porque o ser humano está invadindo seus habitats. Na verdade, estamos diante de um fenômeno que os biólogos começam a chamar de crise de extinção em massa. Atualmente, a extinção ocorre em ritmo 1.000 vezes mais acelerado do que se daria naturalmente, na ausência de influência humana”. Em 2003 a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) anunciou que cerca de 12.259 espécies de animais e plantas de todo o mundo estão ameaçadas de extinção e762 espécies já são consideradas extintas. [1]
A biodiversidade gera benefícios a níveis locais como o auxilio a formação de solos férteis, controle de pragas por meio da manutenção do ecossistema, filtragem de águas poluídas, controle das encostas, orlas costeiras, etc. As vantagens se estendem a nível mundial, por exemplo, a estabilização climática e a abundância de espécies vegetais, animais e micróbios.
Os recursos financeiros para projetos de preservação ainda são escassos diante da demanda, por esta razão são adotadas algumas estratégias que aumentam o aproveitamento de suas ações. As hotspots são têm a finalidade de preservar o maior número possível de animais em uma mesma região, consiste em áreas de conservação que possuem relevância ecológica pela biodiversidade que possuem. Segundo a Conservation Internacional, “área correspondente a estes habitats naturais ascenda apenas a 1,4% da superfície do planeta, concentra-se aí cerca de 60% do patrimônio biológico do mundo no que diz respeito a plantas, aves, mamíferos, répteis e espécies anfíbias”
[2].
O primeiro episódio da série “Planeta Terra: O Futuro”
[3] mostrou alguns exemplos de Unidades de Conservação e discutiu a participação da comunidade nestas unidades. Segundo os entrevistados, em poucos casos é possível obtê-la, por exemplo, na Etiópia, quando restavam 150 gazelas, animal símbolo da região, a população se conscientizou e executou um conjunto de ações que aumentou para 600 o número desses animais. Contudo, existem locais em que a população que dependem economicamente da caça de animais ou devastação de áreas, no Mar Cáspio, entre a Rússia e o Irã, os últimos esturjões estão sendo vítimas da poluição das águas e principalmente da pesca predatória por causa das ovas que são usadas como matéria-prima para o caviar.
Outro aspecto que traz implicações os projetos de preservação é a carisma da espécie ameaçada. Quanto mais simpático for o animal, maiores são as chances de arrecadar investimentos para projetos de conservação. Realmente, este é um fator muitas vezes decisivo, constatei isto na banca de graduação da bióloga Luana D’Ambrosio Ferrari, sobre espécie de raia encontrada no litoral de Santa Catarina, uma das discussões levantadas pelos professores convidados foi exatamente sobre a importância que o carisma do animal representa para a obtenção dos recursos nos projetos de preservação.
Felizmente, há ainda alguns casos em que o critério adotado não é o carisma do animal, mas sim sua relevância dentro da cadeia alimentar de outras espécies, pois a sua extinção provocaria um grave desequilíbrio ecológico.

As estratégias de comunicação contribuem em muitos aspectos: auxiliar na produção de um material visual que represente de maneira adequada e atrativa a espécie ameaçada; disseminar informações de maneira objetiva e eficaz, fomentar valores ambientais; promover a envolvimento da comunidade e dos demais públicos-alvo.
Cada caso deve ser estudado com prudência, evidenciando os aspectos que afetam no relacionamento da comunidade com os projetos conservação. O máximo de informação deve ser levantando antes de criar estratégias que contribuam para o relacionamento dos públicos-alvo, o conjunto de ações executadas deve proporcionar o esclarecimento dos diferentes pontos de vista e o surgimento destas estratégias, pois elas influenciarão valores culturais da região e certamente afetarão setores políticos econômicos e sociais. Por estas razões, criar um trabalho de sensibilização com a comunidade em torno de unidades de conservação, áreas de preservação, etc é tão importante quanto divulgar para o restante do mundo.





Obs: A Onça Pintada, em extinção, foi registrada por Araquém Alcântara, um dos fotógrafos de natureza mais famoso do país, comprometido em denunciar os horrores cometidos contra a Mata Atlantica. A imagem atrativa é um recurso para difundir o conhecimento e a conscientização ambientais.

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[1]http://www.biodiversityreporting.org/index.php?pageId=sub&lang=en_US&currentItem
=article&docId=7782&c=Brazil&cRef=Brazil&year=2004&date=December%202003
[2] http://pt.wikipedia.org/wiki/Hotspot_de_biodiversidade
[3] Segundas-feiras às 21h no Animal Planet (TV por assinatura)

6 de março de 2007

Agenda 21


Desculpem-me pela falta de publicação neste blog. Nesta temporada, trabalhei como Guarda-vidas Civil em Mariscal, no município de Bombinhas/SC. Estive sem tempo e acesso à internet, contudo aproveitei buscar informações ambientais sobre a região reconhecida por suas belezas naturais.
Bombinhas está localizada no entorno da Reserva Biológica do Arvoredo. De acordo com o site da prefeitura municipal “Na região, é possível encontrar uma infinidade de espécies vegetais em boa conservação, outras necessitando de atenção como os morros, que exigem uma rigorosa fiscalização para que não haja destruição, como houve com os manguezais existentes na praia de Bombas e Zimbros, importantíssimas espécies integrantes do ecossistema da região, assim como as restingas cujas áreas também vêem sendo ocupadas através dos anos, sem a preocupação do homem em preservar para manter seus recursos naturais no futuro.”
O Programa Agenda 21 de Bombinhas foi implantado no ano de 2005, porém foi no início de 2006, por meio dos fóruns realizados nas comunidades que se iniciou a prática efetiva de seus princípios.
Entender do que se trata a Agenda 21 é essencial para organizações e profissionais envolvidos com o meio ambiente, muitas vezes a aprovação ou criação de projetos ambientais pode se basear nas informações deste valioso documento regional.
“A Agenda 21 é um protocolo contendo uma lista de compromissos e ações a serem desenvolvidos no século XXI em direção ao Desenvolvimento Sustentável, e, assim, busca restabelecer a economia e assegurar a sobrevivência humana, preservando a saúde e os recursos naturais do planeta para as presentes e futuras gerações” (Informe Agenda 21, julho/agosto/setembro 2006). A agenda deve ser definida de acordo com as características e potenciais naturais de cada região, por esta razão, pode ser considerado uma ferramenta útil para desenvolver ou apoiar projetos ambientais em cada região.
Algumas ações que foram realizadas junto à comunidade: Fórum mensal, Curso de capacitação turística para pescadores “Turismo Consciente e Preservação Ambiental”, Concurso escolar “Nós cuidamos de nossas praias”. Ainda assim, a questão no município é delicada, um dos motivos é a quantidade de lixo produzida na alta temporada sem que haja algum trabalho de conscientização voltado para os turistas. Outro problema refere-se às unidades de conservação e áreas de preservação, como a Reserva Biológica do Arvoredo e a restinga. De acordo com o informativo da agenda 21, “o assunto tem gerado discordâncias e promovido a preocupação de ambientalistas e da própria população, que já entende que sem proteção dessas áreas o município terá, a curto e médio prazo, problemas de abastecimento de água, supressão da flora e fauna nativa (aumento no corte de corredores ecológicos, já comprometidos), além do desequilíbrio ambiental e de todos os recursos naturais ainda existentes.”
Por exemplo, um hotel que desenvolve atividades de educação ambiental nas escolas e patrocina ações ambientais, mas que desmata áreas de preservação ou despeja esgoto na praia tem chances reais e certas de perder hospedes ao longo do tempo. A formulação de um diagnóstico por uma equipe multidisciplinar deve alertar empresários e governantes quanto aos danos econômicos, jurídicos, ambientais e institucionais e propor possíveis soluções, em busca do comprometimento com a agenda 21 e com o respeito à comunidade e aos turistas.