31 de maio de 2011

Por falar em Comunicação Pública....

DESENVOLVIMENTO LOCAL

O desenvolvimento local, ou planejamento urbano, pode ser usado como estratégia para evitar o impacto das catástrofes naturais. Além do mais, se for planejado de maneira adequada, respeitando os limites e potenciais locais, certamente trarão benefícios para a população residente.
Neste sentido, felizmente, já podemos verificar algumas aplicações, de organizações e pessoas e governos, que buscam adequar às características ambientais e as emergências urbanas às necessidades econômicas e sociais locais. Esse esforço conjura com a efetiva realização do Ecodesenvolvimento, baseado no tripé: Viabilidade econômica, Justiça Social e Prudência Ecológica (Sachs, 2007).
Entre estes exemplos, O Programa Homem e Biosfera (MaB – Man and the Biosphere) da UNESCO, lançado em 1971 e é um programa de cooperação científica internacional sobre as interações entre o homem e seu meio.  Dentro deste programa, As Reservas da Biosfera compõe uma rede mundial de áreas voltadas a Pesquisa Cooperativa, a Conservação do Patrimônio Natural e Cultural e a Promoção do Desenvolvimento Sustentável “Para tanto devem ter dimensões suficientes, zoneamento apropriado, políticas e planos de ação definidos e um sistema de gestão que seja participativo envolvendo os vários segmentos do governo e da sociedade.”

Como vocês podem ver na figura ao lado, o objetivo é conservar áreas preservadas, que maior relevância para o equilíbrio ambiental local, no núcleo das demais áreas usadas para moradia e atividades econômicas locais.


No Canadá,  a proposta de desenvolvimento urbana baseada em Ecoquartier que significa Eco-bairro, ou vizinhança verde,   leva em consideração as questões ambientais na concepção de bairros ou na reabilitação destes, mas é essencial o envolvimento dos moradores no processo. Neste caso, algumas medidas adotadas para atingir as metas são:
  •  Redução do consumo de energia , inclusive priorizar a utilização de energias renováveis ​​(solar, na maioria dos casos).
  • Diminuição do uso do carro, incentivar transportes alternativos como ônibus, bicicleta ou caminhada, para isto exige a (re)construção de ciclovias e calçadas.  
  • Coleta de água de chuva para regar jardins, limpeza das ruas ou alimentar o WC.
  • Redução de resíduos, por meio da da triagem para reutilização e reciclagem. Com o resíduo orgânico é feito compostagem nas casas ou encaminhado para áreas designadas para compostagem. O material produzido retorna para ser utilizado em jardins e espaços verdes.
  • Promoção da biodiveridade local, com medidas que permitam a flora e fauna locais para florescerem.
  • Materiais de construção usados devem ser reaproveitados ou dispostos de maneira adequada.


Mas não é só no Canadá que implantou esse conceito, outros  locais, ao redor do mundo, que servem como exemplo: Hammarby Sjostad (Estolcomo) , Hannover , Fribourg-en-Brisgau (le quartier Vauban ) Londres (le quartier BedZED ) distrito BedZED (Londres) , Dongtan (China) , Eva Lanxmeer (Holanda) . E na França: Dunkerque, Besancon, Bourdeaux, Bourges (Cher), Courcelles-lès-Lens (Pas-de-Calais),  Grandvilliers, Montévrain (Seine-et-Marne); Montreuil ( Seine-Saint-Denis).


É interessante observar que, nestes locais, campanhas de comunicação são lançadas para incentivar a participação pública na gestão local. Na minha opinião, esta é ainda uma grande deficiência brasileira, é nítida, para quem  participa de reuniões de bairro, fórum da agenda 21, núcleos de plano diretor, a falta de investimento em campanhas que incentivem as pessoas a participarem da gestão das cidades e dos seus bairros.  A Figura abaixo mostra um exemplo das campanhas lançadas no Canadá.






Mas nem tudo está perdido no Brasil, também temos bons exemplos de desenvolvimento urbano e muitos outros esforços que não podem ser ignorados.

A cidade de Curitiba é reconhecida internacionalmente, por diversas razões, como cidade modelo, recomendada pela UNESCO na reconstrução das cidades do Afeganistão. Na década de 1990 venceu o premio máximo do meio ambiente no mundo o United Nations Environment Program, da ONU, que em 2001 também apontou-a como melhor capital do Brasil pelo Índice de Condições de Vida (ICV) e segundo melhor Índice de Desenvolvimento Humano dentre as capitais.
Muitos também a conhecessem pelo transporte coletivo integrado. Por ter morado pouco mais de um ano na cidade posso dizer com toda a certeza que não é só propaganda, realmente funciona e isso com certeza é um estimulo para o uso. Outras características chamam a atenção em Curitiba, o ordenamento dos bairros abrange até as áreas de prédios e residências, uma forma de evitar o excesso de prédios altíssimos na mesma área, e garantir a iluminação e ventilação nas residências.
De acordo com os problemas que as cidades enfrentam por causa das enchentes, o que mais me atrai no caso de Curitiba é seu sistema de controle de enchentes. Ainda na decada de 70, Jaime Lerner e sua equipe, se opeseram ao que a maioria das cidades brasieliras estavam fazendo: canalização de rios. Mesmo com os incentivos financeiros para as obras de canalização de cinco rios que percorrem a cidade, formando viadutos de concreto para que eles não inundassem a cidade com todas as chuvas de verão. Ao invez disso, a prefeitura tomou o empréstimo e engenheiros construíram pequenas barragens e backup dos rios em lagos. Cada um deles se tornou o centro de um parque, e se a chuva esta forte, o lago poderá subir um ou dois pés, sem que isso afete as ruas e residências próximas, e ainda oferece uma área de lazer para os cidadãos. Conforme Nicolau Klupel: “Todo rio tem direito a estouro". Nas figuras abaixo é possível observar esses três diferentes aspectos, o trnasporte, a arquitetura urbana e os lagos. 











Todos estes exemplos são compostos por elementos fundamentais: a democracia e a boa vontade dos responsáveis pelo planejamento urbano. Na parte que nos incumbe, a democracia, demanda também boa vontade da população, isso por enquanto ainda está em falta na maioria dos casos. Por pior que possa soar esta afirmação, os cidadãos ainda resistem a participar de reuniões de Planos Diretores, Agenda21 ou até mesmo para discutir o bairro, talvez porque o mundo de hoje oferece muito mais alternativa de entretenimento do que se reunir para melhorar o entorno ambiental e contribuir com a qualidade de vida da vizinhança.
Mas sejamos otimistas, avançamos muito neste sentido, se não estaríamos nem falando sobre o assunto. Acredito que a propaganda e o marketing podem contribuir muito com o envolvimento das pessoas, mostrar a elas o lado bom, as vantagens como morar num lugar limpo, tranqüilo, com qualidade de vida. Isso também traz retornos financeiros para as prefeituras, elas economizam em saúde pública, e em obras re reconstrução de vias que são impactadas pelas enchentes.
Eu compreendo, não é fácil quando ainda vemos cidades como Garopaba, que com todo seu potencial natural e humano, as belas paisagens e a pesca, têm grupos forçando a construção de empreendimentos no principal banhado da região, que vai afetar negativamente não somente os lençóis freáticos, como também seu turismo, porque quando comprometer o abastecimento de água nas casas os visitantes certamente não levarão mais tantas boas lembranças. Mas ainda bem que sobrevivem os locais onde as pessoas tem a oportunidade de experimentar um prato típico da região, feito por pescadores locais, pois muitas vezes nem as atividades econômicas locais não são privilegiadas nesse processo de desenvolvimento devastador.

Mas apesar disso a mensagem que pretendo deixar é positiva, pois em Garopaba e tantos outros lugares, provavelmente na sua vizinhança, existem pessoas que estão se unindo, e discutindo os assuntos locais. O movimento é juntar-se a elas e contribuir com um pouco de idéias e conhecimentos para que as cidades se tornem todas, um modelo ideal para seus moradores. E nós comunicadores, e moradores, temos um campo de aplicação e aprendizado vasto e intenso. Precisamos de mais mentes abertas e investimentos para avançar na comunicação neste sentido, mas o desafio está lançado, e como em tudo na vida, paciência e perseverança e muito amor no coração! Inspiração não falta. 


Para mais informações acesse os sites abaixo ou pesquise autores como Ignacy Sachs e Jaime Lerner.

http://fr.wikipedia.org/wiki/%C3%89coquartier
http://www.eco-quartiers.fr/

22 de janeiro de 2011

Manifesto: Desastres Naturais

Mesmo após os desastres naturais ainda tem gente que crítica os ambientalistas, denominados de ecochatos, tem gente que ainda acha que essas pessoas lutam pela preservação de espécies de animais bonitinhas, mas o que pouca gente ainda percebe é que essas pessoas lutam pela segurança e bem-estar públicos!!! Não é por acaso que certas áreas são escolhidas para serem preservadas.

Por falar nisso a revista Época está de parabéns pela edição N661 , assim como fez no caso das enchentes de Itajaí, a revista trata da catástrofe sem abusar do sensacionalismo sobre as tristes histórias, ela aponta as causas e soluções. Enquanto os orgãos públicos municipais não adotarem medidas preventivas resta à população prestar mais atenção na hora de construir, levando em conta o passado da área, evitando construir em encostas e em locais próximos a rios, lagos e banhados

e o que é pior, aterrá-los. Muitos dos locais afetados não se tratam de casos em que a natureza invadiu as casas, mas sim as casas invadiram a margem menor que a permitida.

O ser humano, no auge de sua prepotência teima em achar que suas tecnologias podem dominar a natureza, o caminho certo é viver em harmonia, saber respeitar os limites e aproveitar os benefícios que ela oferece. Dar um basta nas construções irregulares depende de nós!!!

Galera, Namastê e muita força aos afetados por essa tragédia.

Link Revista Época>

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EIT1147-16091,00.html