20 de novembro de 2007

Crises na Imagem Pública

No último dia 27 de outubro estive presente em mais uma reunião do Conselho Gestor da APA da Baleia Franca. Um dos assuntos tratados nessa seção chamou a minha atenção de modo especial: a difamação da imagem pública.
Em qualquer setor, inclusive em nossas vidas particulares, enfrentamos e/ou vemos outras pessoas ou instituições enfrentarem calúnias e boatos. Porém, observo cada vez mais que projetos ambientais e líderes ecologistas, a principio vistos com reputação irrefutável, enfrentam constantemente este tipo de insolência.
Claro que, algumas vezes, os fatos correspondem às evidências levantadas. No entanto, há pessoas ou organizações que, embora fundamentais no processo de conservação de regiões ou espécies de seres vivos, e com longo histórico de luta pela preservação da natureza, vêem-se enroscados em uma rede de acusações das quais não conseguem sair sem terem sua imagem arranhada e sua luta desgastada. Felizmente, podemos verificar que uma crise também representa uma oportunidade, até mesmo para fortalecer e fomentar uma causa ambiental.
De acordo com Heloiza Matos “Apesar do potencial contemporâneo das mídias, o público continua a buscar – e receber – informações através de meios informais: o boca-a-boca, a conversa informal, o ouvir-dizer, o boato em si. A emergência de novas mídias em tempo real, ao invés de suprimir os boatos e qualificar as informações ditas verdadeiras, contribuiu para tornar esse fenômeno ainda mais especializado“ Ainda de acordo Matos “O que sobra é o registro do fato consumado e, no caso do boato, os rastros deixados nas pessoas, empresas ou instituições afetadas pela sua aparição”

Quando retornei de Imbituba, comecei a pesquisar o assunto na internet, e encontrei um caso atual que está acontecendo no Paraná. A ex-chefe do escritório do Instituto Ambiental do Paraná (IAP ), Elma Romano, foi presa em Curitiba. Segundo o site Portal do Meio Ambiente “Ela é acusada de chefiar um esquema de venda de licenças ambientais ilegais para corte de araucárias. Mas a rede de ONGs que trabalha no estado acha estranha a acusação e a prisão de Elma. Segundo eles, Elma teria passado os últimos 30 anos enfrentando as grandes madeireiras, os fazendeiros e os políticos do estado ligados à devastação. Agora, estaria pagando o preço por isso.”

Diante desta situação e outras semelhantes , uma dúvida lateja: se há anos estes projetos ou os lideres existem, como são afetados por boatos?
A imagem pública é inconstante, depende muito dos públicos que a vêem, de suas necessidades, de interesses oponentes que agem como adversários na sua construção. Ela varia de acordo com o contexto político, social e econômico aos quais estão inseridas.
Para Eugenia Rigitano “A imagem pública de alguém se configura como a maneira como um público imagina que esse alguém seja, o que esse alguém parece ser a esse público. Então, duas coisas são importantes de se ter em mente: a) a recepção (o público) não trabalha no vazio; b) uma imagem pública não é algo imutável. Ligado a isso, vale destacar que a construção de uma imagem pública passa não só pelo que se fala. É também o que se faz (produzindo fatos-noticiosos irresistíveis aos media) e a forma como se apresenta (já que a imagem visual é a primeira que se tem). Além disso, é necessário considerar as imagens dos outros atores do campo político, os media, as assessorias, os institutos de pesquisa, etc.” Ainda de acordo com a autora, “os responsáveis pela construção e manutenção das imagens públicas recorrem, cada vez mais, às pesquisas, principalmente as qualitativas”.
No campo das Relações Públicas, a Lei Nº 5.377 (11 de Dezembro de 1967), considera entre suas atividades específicas: a coordenação e planejamento de pesquisas de opinião pública, para fins institucionais; o planejamento e execução de campanhas de opinião pública.

A aplicação de pesquisas de opinião pública permite identificar o contexto e a imagem que é acreditada pelos receptores, atualmente esta estratégia é utilizada para formar imagens públicas positivas. Ressalto que, devemos agir eticamente, ou seja, não criar modelos de projetos e lideres ecologistas, mas fornecermos subsídios aos nossos clientes contribuindo para uma leitura e visão fiéis ao meio no qual estão inseridos, promovendo de maneira eficaz sua imagem pública. O profissional de Relações Públicas deve zelar por esta imagem, em um momento de crise, irá defendê-la por meio do planejando de ações que esclareçam os boatos.
Para finalizar, observe estratégia proposta por Neves (1998, p.67)
1. Apurar os atributos positivos e negativos. Isto pode ser conseguido através de pesquisas, feedback, observações, focal groups etc;
2. Entendê-los em profundidade. Vale dizer, analisar as percepções segundo os públicos que a produziram, comparar com a realidade, descobrir os gaps;
3. Estabelecer programas para fechar os gaps. (lacunas da imagem)
Tornar a imagem uma aliada num momento de crise vai depender da habilidade do profissional, da colaboração do cliente e das ações de comunicações anteriores à crise. É possível contornar boatos, mas como sempre, o ideal é investir em ações que criem um conceito sólido a respeito dos ideais da instituição/ pessoa, com base na aproximação do cliente com os públicos–alvo e na sondagem dos diferentes contextos da opinião pública. E lembre-se sempre, muitas vezes uma crise representa uma oportunidade, até mesmo para levantar a bandeira a favor de uma causa ambiental.
Até mais,
Juliana A. Clementi
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http://www.rp-bahia.com.br/heloizamatos.htm
http://www2.portaldomeioambiente.org.br/news//not1.php?id=1263
http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/outrasareas/comunicacaoecidadania/0234.pdf
NEVES, Roberto de Castro. Imagem empresarial: como organizações (e as pessoas) podem proteger e tirar partido do seu maior patrimônio. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.

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