Ainda com ênfase nos problemas apontados pelo cientista Luiz Carlos Molion, a respeito da mídia, na semana anterior estive presente na 1ª Oficina Pró-Conferência Nacional de Comunicação.
O evento maior, a 1ª. Conferência Nacional de Comunicação, será realizada em dezembro deste ano, e configura-se num acontecimento singular, que dará inicio a mudança neste contexto mercantilista adotado atualmente por nossa mídia nacional.
Como representante de movimentos sociais me coloquei a disposição para a articulação comunitária sobre este evento, porém preferi trazer um texto recebido por email, através da lista do comunica.sc, enviado por Angélica Elisa Sonaglio, que esclarece a demanda e as atividades correspondentes a este evento.
Após a leitura sugiro a todos envolvidos em comunicação que busquem seus colegas para articulação a nível municipal ou estadual, para podermos contribuir com este processo. Resgato que durante os estudos acadêmicos nos confrontamos com o fato óbvio que é o controle da mídia nacional, mas ainda não tinhamos uma oportunidade para reverter este quadro, portanto agora está chegando a hora de podermos exercer nossa livre expressão de comunicador por um mundo mais socialmente justo!
Segue o texto recebido por email:
A Comunicação precisa de mais vozes
Um convite coletivo a indivíduos, grupos e movimentos sociais
A Comunicação livre, alternativa e independente é uma necessidade para o desenvolvimento social e tecnológico das nações pois permite a participação em processos políticos e estimula o surgimento de novos instrumentos para aproximar grupos e indivíduos. Ela também é indispensável para a vida em sociedade, por meio da qual podemos trocar conteúdos, idéias, fazer planejamentos e promover simples conversas.
Contudo, os países mais desenvolvidos economicamente, ao longo da história, deram à Comunicação um papel meramente comercial e as corporações assumiram o papel de produtores para o público considerado como uma grande "massa passiva", seja por meio do rádio, TV e, recentemente, pela internet. O intuito principal dessa estratégia é promover a venda de produtos, idéias (conceitos, estilos, padrões) ou marcas em troca de retornos lucrativos. Nessa lógica, poucas famílias e empresas, com grandes recursos financeiros ou influência política, se apoderaram dos principais meios de Comunicação, restringindo-os a seus interesses particulares.
A Comunicação é um direito de todos, exercido diariamente a partir das relações interpessoais e sociais, e que deve ser garantido. Esse direito não serve apenas para proporcionar o diálogo, mas também contribui para reivindicar e assegurar outros direitos básicos como a saúde, educação, alimentação e moradia. O acesso à informação, gerado pela Comunicação, permite fiscalizar as ações do governo. Produções audiovisual, impressa e online servem como mecanismo de denúncia e cobrança do poder público.
Para garantir a participação plural na Comunicação e o acesso a direitos humanos faz-se necessária, contudo, a modificação das estruturas de acesso aos meios de Comunicação atuais. Deve ser permitido que mais pessoas possam produzir conteúdos. A lógica de que somos apenas receptores precisa ser quebrada, pois essa visão é totalmente desconexa com o novo período que vivemos: da interatividade e convergência das mídias, e das áreas do conhecimento.
No Brasil, os principais espaços formais de Comunicação como o Rádio e a TV abertos também são restritos aos interesses de poucos. São eles, inclusive, que influenciam o desenvolvimento de políticas públicas no país e contribuem para a ausência de uma política nacional de Comunicação coerente com os princípios constitucionais de valorização da cultura e regionalização do conteúdo. Apesar desse cenário negativo, movimentos sociais de comunicação e de outras lutas se juntaram para reivindicar uma participação mais efetiva da sociedade na Comunicação brasileira. Graças a esse árduo esforço, recentemente o Governo Federal anunciou a realização da 1ª. Conferência Nacional de Comunicação, que acontecerá em dezembro de 2009.
A Conferência será voltada para o debate e consolidação de diretrizes que orientarão o rumo da Comunicação do Brasil. Mas só a realização da Conferência não basta. Para que o processo seja efetivo, é preciso que a sociedade se mobilize e ocupe todos os fóruns possíveis de discussão. Vale lembrar que há interesse dos controladores da “grande mídia” em manter o cenário atual ou restringi-lo ainda mais. Dessa forma, mais movimentos sociais, grupos e indivíduos podem dar suas contribuições (de acordo com seu perfil de mobilização), para que a democracia prevaleça na Conferência.
Atualmente, existem vários movimentos e coletivos em prol do direito à Comunicação. No nosso campo de atuação, podemos destacar alguns desses coletivos:
- O Projeto de Extensão Comunicação Comunitária, que visa integrar os estudantes da UnB (de Comunicação ou não) com a sociedade, estimula produções comunitárias, além de construir um vínculo entre teoria e prática e entre conhecimento acadêmico e cidadania.
- O Projeto de Extensão SOS Imprensa, constituído por estudantes universitários, estimula a leitura crítica dos meios de Comunicação, baseados em princípios de cidadania e direitos à Comunicação, fiscaliza os abusos por parte da imprensa. O projeto busca também a criação de alternativas comunicacionais pautadas em estudos de políticas de Comunicação e em práticas já existentes de meios autônomos de Comunicação.
- O Projeto Dissonante (faça-rádio-web-você-mesmo) foi pensado no intuito de estabelecer um espaço virtual por meio da internet para que qualquer indivíduo ou coletivo pudesse criar e manter uma rádio web livre, sem fins lucrativos, que respeite os direitos humanos, estimule a produção e a pluralidade da Comunicação.
- A Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (Enecos) atua na realização de grandes eventos regionais e estaduais, a fim de possibilitar espaços onde os estudantes de Comunicação possam discutir, trocar experiências e criar alternativas de pensamentos e ações no campo da Comunicação.
- A rádio livre com princípios comunitários Ralacoco se afirma como um espaço experimental por meio do qual todxs podem apresentar programas, aprendendo, na prática, tanto as questões técnicas de operação de uma emissora quanto os princípios de uma Comunicação democrática.
- O Diretório Central dos Estudantes da UnB busca, nessa atual gestão e também o fez na gestão anterior, manter informados os estudantes da UnB sobre as atividades promovidas pela entidade e por outros grupos, a valorização de espaços de divulgação e discussão horizontal como listas de e-mail e trabalha em parceria com outros grupos na discussão sobre a construção da Conferência de Comunicação, na Universidade de Brasília.
É também notável que todos os grupos/entidades relatados estão participando das Comissões Nacionais e Estaduais Pró-Conferência. Perguntamos, então, como mais coletivos, movimentos e indivíduxs podem ajudar na construção da Conferência Nacional de Comunicação? Um caminho é começar com a prática da Comunicação no cotidiano, seja em blogs, programas de rádio, manifestações artísticas ou produções audiovisuais independentes. E também ao participar das Comissões Estaduais Pró-Conferência, levando o debate para o cotidiano de sua comunidade. Para que a Conferência seja de fato participativa ela deve ser, antes de tudo, constituída de pessoas com vontade de transformação social.
Procure se informar quando e onde ocorrem as reuniões das Comissões Estaduais Pró-Conferência. Entre também no site da Comissão Nacional Pró Conferencia em www.proconferencia.com.br e envie e-mail para proconferencia.com@gmail.com para saber mais informações, contatos e conteúdos.
Esse é um convite construído colaborativamente pelos seguintes grupos:
Projeto de Extensão Comunicação Comunitária - COMCOM/UnB
www.unb.br/fac/comcom
Projeto Dissonante - faça-rádio-web-você-mesmo
www.dissonante.org
Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação - ENECOS
www.enecos.org.br
Rádio Ralacoco - livre com princípios comunitários
ralacoco.blogspot.com
Projeto SOS Imprensa
www.unbr.br/fac/sos
Diretório Central dos Estudantes da UnB
www.dce.unb.br
Atenciosamente,
Angélica Elisa Sonaglio
"Ninguém é tão grande que não possa aprender, e nem tão pequeno que não possa ensinar."
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